Liberdade e Liberdade

Vamos conhecer uma nova liberdade [...] (AA 83). [...] uma libertação espiritual deste mundo [...] (AA 55).

Liberdade e liberdade são palavras que eu sempre pensei como sinónimo. Ambas se referem ao direito de fazer o que se quer, mas existem algumas diferenças.

Para mim, a liberdade sugere a ausência de contenção. Foi assim que o meu vício me convenceu desde cedo de que eu era livre. Acreditava que estava a fazer o que fazia porque o tinha escolhido. Sem restrições, exceto as que coloco a mim próprio. Esta mentira explica as linhas que atravessei, fazendo coisas que jurei que nunca faria. Um a um ou em múltiplos, cruzei-os acreditando que era livre de o fazer. Quanto mais linhas cruzei, menos razões pude encontrar para não as cruzar. Acreditava poder tomar decisões por mim próprio, sem ter em conta coisas como valores, crenças, relações, leis, ética, ou integridade. Eu era o Mestre do Universo, completamente alheio a esta 'liberdade' que me afundava na escravidão.

Depois há a liberdade. "Liberdade e justiça para todos", nós prometemos. Parece que estamos realmente a dizer, "liberdade-mas", liberdade com cordelinhos. Estou em liberdade para perseguir a felicidade, mas não livre para privar os outros da sua. No meu vício, torci a liberdade para ser livre de fazer o que me apetece. No final, tenho de lidar com as consequências das minhas decisões.

Em recuperação, tenho a liberdade de viver em harmonia com os outros, com o meu Poder Superior e comigo próprio, mas tenho de viver com responsabilidade. A liberdade parece mais apelativa; a liberdade parece mais realista. Hoje fiz a minha escolha.

Deus, afasta-me da falsa liberdade que pensava ter, e dá-me a liberdade que só vem com sobriedade da luxúria.