Como superar a luxúria e a tentação (the 18-wheeler)
Livro Branco em inglês, página 157
Quando deixamos de praticar nossos hábitos e somos capazes de permanecer sexualmente sóbrios por algum tempo, descobrimos que, embora não estejamos exercitando nossa compulsão, a obsessão ainda está conosco, apesar de parecer que desapareceu por um tempo. A luxúria, como vimos, assume muitos disfarces, que começamos a reconhecer na sobriedade, com o passar do tempo. Para uma pessoa, a luxúria pode consistir de desejar alguém. Para outra, pode ser a obsessão de que outros a desejem. Por outra ainda, a luxúria pode manifestar-se como uma necessidade sexual ou emocional desesperada por alguém. Em qualquer caso, o verdadeiro problema é a disposição interna do coração, e o trabalho de recuperação dá-se com a mudança de atitudes e com a vitória progressiva sobre a luxúria.
A luxúria cede ao funcionamento lento e paciente do programa apenas em companhia de outros que estão fazendo o mesmo. Essa é uma das razões pelas quais precisamos constantemente da fraternidade da sobriedade. As recompensas são infinitas, dando-nos a verdadeira liberdade que sempre quisemos.
No texto a seguir, um membro conta como superou a obsessão pela luxúria. Para muitos, essas sugestões provaram ser úteis para manter a sobriedade e vencer a luxúria e a tentação.
Como venci minha obsessão pela luxúria
Como consegui? Não consegui. Uma mulher de AA me disse, depois de falar em uma reunião, citando o quinto capítulo de Alcoólicos Anônimos, que "Deus era capaz de fazê-lo e o faria, se eu o buscasse". E foi assim que consegui. Deixando que Deus agisse, já que eu não conseguia. Mas Deus era capaz de fazê-lo e o faria -- e o fez. Mas eu tive de ir a reuniões para aprender esse tipo de coisa. "Reuniões, reuniões, reuniões, reuniões, reuniões ..." Foi o que me disseram. "Continue trazendo o corpo." "Trabalhe os passos, trabalhe os passos, trabalhe os passos, trabalhe os passos, trabalhe os passos." Vá às reuniões e trabalhe os Passos. Foi assim que consegui. Foi assim que aprendi a deixar "entrar a graça de Deus para expulsar a obsessão". Veja a seguir o que funcionou para mim:
1. Deixar de praticar a compulsão. Interrompi completamente todas as atividades sexuais, inclusive sexo comigo mesmo e relacionamentos extraconjugais. A obsessão pela luxúria não pode diminuir se eu continuo a praticar atos de luxúria.
2. Parar de alimentar a obsessão. Isso significava eliminar, dentro da minha esfera de controle, todos os materiais impressos e visuais, bem como outros símbolos da minha tirania. Tive de parar de alimentar minha luxúria com os olhos, por meio da televisão, filmes e música; bem como usando e escutando a linguagem da luxúria.
Eu também tive de deixar de viver sempre e somente dentro da minha cabeça. Esse é um dos grandes benefícios adicionais de ir a muitas reuniões. A maioria de nós sexólicos realmente vive dentro da própria cabeça. Raramente estamos no mundo real.
3. Participar da fraternidade do programa. Não conheço quem possa ficar sóbrio e livre da obsessão da luxúria sem esse companheirismo. Eu não consigo. É na comunhão que está a ação, a mágica, a Conexão, o sentimento de pertencimento.
No começo, tudo que eu conseguia fazer era participar das reuniões. Então segui a sugestão de participar da mecânica das reuniões: arrumar as cadeiras, limpar, prestar serviço como coordenador da literatura, tesoureiro ou secretário. Participar fez com que me sentisse parte do todo, em vez de separado de todos -- meu eterno problema. Depois, fui capaz de sair para tomar café, sair com companheiros individualmente, e começar o doloroso mas necessário processo de crescer, relacionar-me com outros e abrir-me fora das reuniões.
4. Admitir impotência. No começo, tudo que eu conseguia fazer quando a compulsão me atacava era gritar: "Não tenho poder, por favor, ajude-me." Às vezes centenas de vezes por dia. Impotência era a palavra mais bonita do mundo para mim naquela época, quando passei a vivenciar o Primeiro Passo em profundidade. Ainda é. Mais tarde, descobriria que eu era realmente impotente perante mim mesmo.
Antes, quanto mais eu lutava contra a luxúria, mais a luxúria lutava contra mim. Toda a minha força de vontade parecia fortalecer a luxúria em vez de mantê-la sob controle. Ler o Primeiro Passo do livro Os Doze Passos e as Doze Tradições de A.A. ajudou-me a ver que minha impotência era o "leito de rocha firme sobre o qual poderão ser construídas vidas felizes e úteis" (p. 19, edição brasileira de abril de 2016). Finalmente, parei de tentar. Somente admitindo o poder da luxúria sobre mim perante outros na irmandade, recebi poder sobre a minha luxúria.
5. Render-me. Sem rendição, a mera admissão de impotência não nos conecta com nosso Poder Superior. No começo, para mim, era rendição ao grupo onde comecei a participar das reuniões. Isso significava simplesmente ir às reuniões e ser tão honesto, aberto e disposto quanto eu conseguia ser. Foi assim que comecei a vivenciar o Segundo Passo e ter esperança de que um Poder superior a mim mesmo poderia devolver-me à sanidade. Foi o que preparou o caminho para a rendição do Terceiro Passo mais tarde, quando me renderia a Deus, conforme eu O entendia.
Em relação à minha luxúria, eu sabia exatamente o que significava a entrega e o que eu tinha de fazer. Cada vez que eu era tentado interna ou externamente, eu dizia: "Renuncio ao direito de cobiçar essa pessoa com luxúria. Liberte-me da luxúria, por favor". E como está escrito: "Deus era capaz de fazê-lo e o faria ..." e o fez. Posso ter sentido algum desconforto ou medo, e posso ter repetido a rendição várias vezes, mas funcionou. A princípio, fiquei com medo, mas me mantive sóbrio e, pouco a pouco, foi ficando mais fácil, uma tentação de cada vez.
6. Trazer à luz o que está em meu interior. Quando comecei a ver que, aparentemente, eu nunca seria curado da luxúria, tive de incorporar outros passos para me ajudar. Os passos quatro e cinco abriram a porta para que eu pudesse enxergar-me de forma crítica. Essa foi provavelmente a mudança de atitude mais importante na minha recuperação inicial.
Mas com a luxúria, eu tive que continuar fazendo mini-inventários, conforme sugerido nos passos cinco e dez. Toda vez que eu sentia que alguma experiência, imagem, lembrança ou pensamento estavam controlando-me, como costumava acontecer com frequência, eu os revelava, falando sobre eles com outra pessoa do programa. Expunha-os ao ar e à luz do sol. A luxúria odeia a luz e dela foge; a luxúria ama os recessos secretos do meu ser. E uma vez que eu permita que aí se aloje, a luxúria se reproduz como um fungo: torna-se o pé-de-atleta da alma. Mas, assim que a exponho à luz, revelando-a a outro sexólico em recuperação, o poder que ela tem sobre mim se desfaz. A luz mata a luxúria. Fiz isso com casos concretos, não com generalidades. Às vezes isso significava abusar do tempo de uma pessoa, mas me desintoxicava e me mantinha sóbrio. Todas as vezes que conversei com alguém em atitude de rendição, o poder que aquela lembrança ou experiência exercia sobre mim foi quebrado. Outra nova e poderosa descoberta.
7. Confiar. À medida que consegui viver cada vez mais livre da minha luxúria, aprendendo a confiar mais e mais no poder de Deus para expulsar a obsessão, logo aprendi a começar cada dia com uma oração para colocar a mim mesmo e a minha luxúria nas mãos de Deus, somente por aquele dia. Isso significava que eu estava aprendendo a viver sem luxúria e realmente queria livrar-me dela.
Agora, começo todos os dias com a oração do Terceiro Passo [Livro Azul de AA, pág. 92, 4a. edição em português, janeiro de 2006], mudando o texto para adaptá-lo ao meu próprio caso. Minha oração geralmente é mais ou menos assim:
Deus , ofereço-me a Ti para que trabalhes em mim e faças comigo o que desejares. Liberta-me da escravidão do Ego, para que eu possa realizar melhor a Tua Vontade. Remove minhas dificuldades, para que a vitória sobre elas possa dar testemunho, diante daqueles a quem ajudarei , de Teu Poder , de Teu Amor e de Teu Modo de Vida. Possa eu sempre Realizar a Tua Vontade!
8. Usar a literatura do programa. Os Doze Passos e as Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos foram meus primeiros guias no trabalho de passos. Repetidamente encontrei o que precisava naqueles documentos originais que lançaram o programa dos Doze Passos. Muitos de nós descobrimos que trabalhar os princípios descritos em nossa literatura acrescenta outra dimensão à nossa sobriedade, o que é muito útil. Usar a literatura em nossos momentos de solitude e de silêncio enriquece a visão que temos de nós mesmos e de nossa recuperação, de acordo com nossa realidade e circunstâncias.
9. Trabalhar nos outros defeitos. Descobri com grande espanto que a luxúria não era meu problema fundamental; era apenas um sintoma a mais da minha doença espiritual subjacente: atitudes doentias. A luxúria era apenas outra manifestação dessa enorme força negativa dentro de mim que irrompia da maneira que conseguia. Assim que a luxúria começava a desaparecer, o ressentimento aparecia em seu lugar. Depois, aparecia o medo. Depois, um espírito julgador. Era como tentar impedir um vazamento em uma represa. Ao tentar tapar um buraco, aparecia outro vazamento em outro lugar, porque há uma enorme quantidade de água por trás da represa, e a pressão que exerce fará com que se rompa no ponto mais fraco.
Essa enorme quantidade de água é o meu lado negativo e destrutivo. E o grau com que consigo me conectar com o Poder positivo (Deus) é o grau com que me desconecto do negativo em todas as suas formas. Graças a Deus, hoje tenho escolha.
O benefício adicional de ter de trabalhar em meus defeitos para livrar-me da obsessão pela luxúria é finalmente poder conectar-me com a Vida. Mas não posso me livrar de uma obsessão enquanto estiver bêbado com outra. Não posso me livrar da luxúria enquanto estiver bêbado de ressentimento. E assim por diante....
Frequentei as reuniões de Estudo de Passos para saber como os outros estavam conseguindo superar seus defeitos. Disseram-me que uma das melhores maneiras de acabar com o ressentimento é orar pela pessoa de quem guardava rancor. Peça para ela o que quiser para si mesmo, sugeriram. Funcionou! Meu primeiro empregador em sobriedade foi objeto de dezenas de orações diárias. Elas não pareciam beneficiá-lo muito (quem sabe?), mas me impediram de cair no poço do ressentimento.
10. Aprender a dar em vez de receber. Essa técnica também funcionou com a luxúria. Sempre que captava uma imagem desejável de canto de olho, em vez de obedecer ao impulso de olhar e beber, eu continuava a olhar em frente enquanto rezava por essa pessoa. Poderia ser algo simples como: "Deus, abençoe-a e dê a ela o que ela precisar". Ou, dependendo da intensidade do estímulo da luxúria, poderia ser mais fervoroso: "Deus abençoe-a e faça dela uma bênção; seja feita a Sua vontade na vida dela.
Comecei a fazer o mesmo com as modelos em anúncios, que tinham um poder semelhante sobre mim. Sempre que faço isso, sinto-me bem; recebo algo que é limpo e forte, livre e bom. De alguma forma, torno-me um canal para implantar o bem em mim, em vez de abrir um canal de luxúria para que o mal entre. A medida que bebo dessa imagem é a medida pela qual sou escravizado por ela; a medida que dou a outro é a medida pela qual sou liberado do poder da luxúria. Além disso, é muito mais fácil dar do que praticar o velho tipo de força de vontade que advém da automortificação.
Tente algum dia: Você não consegue sentir luxúria por quem você está orando desse modo. Aqui está uma experiência relatada por uma mulher, membro de SA:
"Lembro-me, no início da sobriedade, de ver um vídeo muito sugestivo em uma loja de departamentos. Fui atraída por ele, e antes de eu saber o que tinha me atingido, aquela imagem tomou conta de mim! Então, comecei a rezar por aquele cantor, repetidamente. E funcionou! Eu fiz isso várias vezes desde então, e sempre funciona para mim".
Essa ação também pode servir para fazer reparação indireta a todos os objetos anônimos da minha luxúria e dos meus atos sexuais - o grande número de estranhos que ajudei a confirmar em seu modo de vida destrutivo. Parece ser uma lei do universo: a medida que dou é a medida que recebo de volta.
11. Procurar um padrinho em SA. Eu precisava de alguém que me pudesse ver melhor do que eu me via, mesmo que esse alguém tivesse ele mesmo alguns problemas. (Todas as pessoas que tive como padrinho possuíam imperfeições grandes o suficiente para me afastar, se eu quisesse essa desculpa.) O que funcionou foi o meu buscar e aceitar orientações. Fiz contato regular com ele e segui instruções. Ajudou a tornar-me ensinável, o que me poupou muita dor e perda de tempo.
12. Fazer amigos no programa. Meu sexolismo tinha-me afastado da verdadeira intimidade. Eu tinha-me tornado solitário e incapaz de amar. Para recuperar-me, eu tinha de começar a sair do isolamento e conectar-me com as pessoas. Mas eu não sabia como. No início, fui forçado a dar telefonemas para ficar sóbrio. Então, à medida que eu compartilhava com os outros a minha angústia e eles compartilhavam suas provações comigo, um laço comum desenvolveu-se. Parceiros na sobriedade, que bênção! Isso ajudou a mudar aquele mundo interior deprimente e solitário do eu isolado para a brilhante luz do sol dos tempos felizes partilhados com outros. A vitória sobre a luxúria não foi a experiência terrível que eu temia. Eu estava conectando-me à vida e comecei a sentir impulsos de alegria. Eu estava começando a descobrir o que minha luxúria realmente estava procurando. Eu não posso ter liberdade interior da necessidade de luxúria sem essa conexão real.
13. Levar a mensagem de minha própria recuperação. No início, comecei a falar com cautela, para aqueles que davam pistas de problemas semelhantes, sobre minha obsessão sexual e sobre meu desejo de recuperação. Não sabia que isso fazia parte do trabalho de Décimo Segundo Passo; fazia isso porque queria fazer. Depois, comecei a partilhar a verdade sobre a minha experiência em outras reuniões que freqüentava. Bem poucas pessoas esboçaram qualquer reação, mas o que importa é que fazer o que eu estava fazendo ajudava-me.
Bill W. de AA costumava dizer que o trabalho do Décimo Segundo Passo "requer um pouco de dinheiro e muito tempo". E descobri que estar disposto a gastar uma fração do tempo e do dinheiro que eu havia gasto com meu hábito para levar a mensagem de recuperação ajudava a manter-me sóbrio. Quando livremente doo meu tempo e recursos dessa forma, recebo de volta as inestimáveis dádivas da libertação da luxúria, bem como alegria e serenidade. Nesse processo, também dei os primeiros passos hesitantes para aprender a amar outro ser humano. Não poderia haver recompensa maior.
14. Praticar ações de amor. A sobriedade negativa de simplesmente não fazer algo desaparece depois de algum tempo. Foi só isso o que fiz por vários meses. foi por isso que, um dia, sem qualquer problema específico e tendo acabado de confessar ao meu velho amigo do ensino médio que eu era um bêbado sexual recuperado, caí no mundão. Eu não sabia o que me havia acontecido. Não escorreguei, despenquei!
O ponto crucial sobre minha recuperação é que, a menos que eu encontre o que minha luxúria realmente está procurando, não conseguirei ficar sóbrio. Parar os comportamentos negativos sem me conectar com os positivos não resolve. Para os sexólicos como eu, é tudo ou nada. "Meias medidas de nada adiantaram", diz o livro de Alcoólicos Anônimos no capítulo “Como Funciona”. E assim é comigo.
As pessoas do programa me ensinaram que os pensamentos correto nunca produziram ações corretas, mas se eu tomasse as ações corretas, os pensamentos e os sentimentos corretos seguiriam. Descobri na sobriedade sexual que não estava propenso a tocar minha mulher, exceto quando era uma coisa sensual, erótica ou sexual. Eu nunca a toquei simplesmente como uma pessoa, um toque espiritual, por assim dizer. Mas aprendi que se eu tomasse a atitude de tocá-la como pessoa, o sentimento de querer tocá-la como pessoa aparecia. Nunca me vou esquecer da primeira vez em sobriedade quando, depois de uma terrível separação e caos, um dia fui capaz de olhar nos olhos dela, estender a mão, tocar seu braço e dizer "Obrigado". Como o poder do amor fluiu através dessa conexão! Depois que tomei a ação. Trouxe lágrimas aos meus olhos.
De outra vez, minha mulher tinha preparado o jantar, mas minhas emoções negativas haviam assumido o controle novamente e eu estava prestes a sair porta afora - para lugar nenhum. Consegui parar o tempo suficiente para ligar para meu padrinho. De péssimo humor, ele me lembrou que era domingo e que estava ocupado (nenhum dos meus padrinhos fingia ser santo). Em dez segundos, ele viu o "problema" (auto-obsessão) e disse: "Sente-se e coma o jantar", e desligou. Eu me sentei mecanicamente e comi o jantar que ela tinha preparado para mim. E a sensação horrível de ter que correr passou. Eu tomei a ação, e o sentimento seguiu.
A melhor oportunidade de praticar o amor não é nas reuniões, mas em minha própria casa. E esse é o lugar mais difícil de praticá-lo. Na verdade, é mais fácil para mim orar pelas prostitutas e outros membros de SA do que praticar ações de amor com minha mulher e meus filhos. Mas, tenho de fazer isso ou não consigo viver verdadeiramente. E eu quero viver!
Outra ação de amor que parece produzir resultados notáveis é orar por minha mulher; novamente, orar que ela receba o mesmo bem que quero para mim. Isso se soma a um dos itens acima sobre a prática de dar em vez de receber. Desde que me limitei a minha mulher como única expressão sexual, descobri, ao fazer meu próprio inventário, que a minha dependência dela era prejudicial à saúde. Assim, abstive-me sexualmente durante um período de tempo considerável, com o consentimento dela, para poder cuidar da minha dependência.
Depois disso, concluí que estava disposto a ficar completamente sem sexo enquanto minha dependência ainda estivesse infectada por qualquer aspecto de "comprar e vender". "Com ou sem esposa, simplesmente não pararemos de beber enquanto dependermos de outras pessoas antes de depender de Deus (Alcoólicos Anônimos, Cap.7; § 29).
Assim, cada vez que eu tinha um sentimento negativo sobre minha mulher, eu rezava por ela. Não me apetecia fazê-lo, mas o fazia. Funciona.
Mas eu tenho de estar disposto a desistir do ressentimento e a perdoar. É aí que entram os Passos Seis e Sete.
15. Reconhecer e alimentar minha fome de Deus. Quando entrei em outro estágio de conscientização, comecei a sentir que meu desejo mais básico não era de sexo, nem de poder, nem de nada além da minha fome espiritual — meu desejo de Deus, a necessidade do próprio Deus. O que eu realmente estou procurando com essas bebedeiras visuais de luxúria enquanto ando pelas avenidas glamorosas do mundo é uma Conexão. O que eu realmente quero é fazer a Grande Conexão com a Fonte da minha vida. E, na minha doença, a Mulher é a fonte do meu ser, o meu deus. A luxúria me leva a acreditar que é sem isso que não posso viver, quando na verdade é sem Deus que realmente não posso viver.
Assim, outra técnica que funciona na hora da tentação é pedir — antes de virar a cabeça e beber da luxúria —: "o que eu realmente estiver procurando agora, que possa encontrar em Ti". Vez após vez, com cada pessoa que me atrai, faço essa prece. E funciona para mim.
E que melhor maneira de dar o Décimo Primeiro Passo?
Esse princípio de deslocamento funciona para todas as minhas emoções negativas. Ocupo com a presença de Deus o lugar que a luxúria, o ressentimento, o medo ou o julgamento a outros ocupariam em minha mente. Substituo o Real pelo irreal. Eu me conecto com Deus nessa situação. Fechar os olhos me ajuda enquanto faço isso.
16. Expulsar a luxúria. Algumas vezes, senti-me como se estivesse caminhando por um campo minado de luxúria, com os explosivos estourando ao meu redor. Foi tão intenso e difícil que me perguntei se estava sob algum tipo de ataque. Em tais momentos, tomei a medida extrema de expulsar verbalmente a luxúria, como se fosse uma presença maligna estranha. Não no meu próprio poder ou autoridade, mas no poder e autoridade do meu Poder Superior. Não tenho a pretensão de entender isso, e nem me preocupo muito em fazê-lo, mas funcionou para mim quando eu parecia estar totalmente à mercê do que estava acontecendo. Nos anos seguintes, ouvi outros companheiros partilharem experiências semelhantes.
17. Refugiar-me em Deus. Muitas vezes, invoco a presença de Deus como escudo para proteger-me de minha própria luxúria ou emoções, bem como da luxúria ou emoções de outros. Repito, quando me sinto sobrecarregado ou vejo uma imagem de canto de olho e quero virar-me e beber, digo: "Tomo Tua presença para proteger-me da minha luxúria (ou do que quer que seja)". Mas tenho de fazer uso desse escudo! Tenho de dirigir-me a Ele para me refugiar.
Outro telegrama de ajuda que mando para cima hoje em dia, depois de alguns anos de sobriedade, é algo assim: "Não quero parte alguma dessa luxúria (ou outra emoção ou atitude negativa); quero que o Senhor a retire”. Funciona sempre. Mas tenho de entregá-la.
18. Olhar a luxúria nos olhos. Agora também estou descobrindo uma nova maneira de lidar com as tentações do dia para que não voltem e me ataquem em sonhos, durante o sono. Tenho notado que, em vez de uma verdadeira entrega, às vezes, durante o dia, posso reprimir a luxúria pela força de vontade. Houve momentos em que, depois de fazer isso, a luxúria reapareceu em sonhos eróticos, de uma forma tal que eu sabia que podia passar ao ato durante o sono sem sequer me tocar e sabendo que tinha escolha! Como são super poderosas essas tentações! E assustadoras! Elas sabem como chamar sua atenção.
Fiquei farto dessas situações perigosas e decidi tomar medidas preventivas. Pouco antes de ir dormir, eu repasso mentalmente cada tentação de luxúria que grudou em mim durante o dia, olhando de frente a pessoa envolvida. Eu trago cada pessoa à luz, diante de Deus, enquanto me entrego, admitindo minha impotência sobre a luxúria. Eu digo: "o Senhor conhece meu coração e sabe como eu realmente quero cobiçar com luxúria. Eu a entrego ao Senhor. Venha ser vitorioso sobre a minha luxúria; eu não quero nada com a luxúria - de forma consciente ou subconsciente. Quero que o Senhor a leve sobre Si em meu lugar. Por favor, mantenha-me sóbrio de toda a minha luxúria esta noite. Muitas vezes eu acrescento uma oração pela pessoa envolvida na minha tentação, num esforço de dar em vez de receber. É minha maneira de ficar limpo no nível subconsciente. Também é a minha forma de lidar com o medo de recair durante o sono.